segunda-feira, 4 de abril de 2016

Opinião - Uma mulher não chora de Rita Ferro


"Nunca se ama como nas histórias: nus e para sempre.
Amar é lutar constantemente contra milhares de forças escondidas que vêm de nós ou do mundo. Contra outros homens. Contra outras mulheres."
Jean Anouilh

Sinopse:

"Depois de O que Diz Molero, de Diniz Machado, e da Crónica dos Bons Malandros, de Mário Zambujal, Uma Mulher não Chora, de Rita Fer ro, foi o terceiro grande best-seller português e o primeiro assinado por uma mulher. Conta a história de uma mulher pós-feminista - livre, independente, emancipada - às voltas com a ambivalência da sua condição: de um lado, o sonho romântico e o fantasma da solidã o; do outro, o orgulho e a exigência de quem pode, finalmente, escolher, ou para quem a dignidade se tornou mais imperativa do que a companhia de um homem. Uma clivagem dolorosa, que toda a mulher divorciada, ou casada segunda vez, conhece intimamente."


Este foi o primeiro livro que li da escritora Rita Ferro. Sou fã confessa da Rita Ferro, não pelos livros pois ainda não tinha lido nenhum mas pelos programas de rádio na Antena 3. Conheci-a no programa Conversas de Raparigas e ao contrário de muitos ouvintes que não gostam e a acham snob eu fiquei fã. Directa, sarcástica, divertida, espontânea, por vezes perdida nos seus pensamentos eu identifiquei-me e continuo a identificar de certa forma com ela. Claro que noutro nível social e cultural, mas com o mesmo turbilhão de pensamentos e a forma crua de ver a vida e os outros.
Tenho vários livro dela e este foi o primeiro a sair da estante. Foi um excelente inicio e confesso que este livro não podia vir em melhor altura. É um livro sobre relações humanas, sobre amor, sexo, paixão, aventuras, desilusões, perdas... tudo numa narração muito próxima do autor e de forma muito crua, sem papas na língua.

Esta é a história de Ana, uma mãe, mulher divorciada que luta pela sua estabilidade financeira e emocional e contra os seus fantasmas interiores. A sua história é cheia de encontros e desencontros e toda a sua desorganização mental e da própria vida tornam a história muito real, próxima de nós. A sua vida pessoal, amorosa e sexual é tema do livro e são histórias do dia-a-dia que podem ser as nossas ou de pessoas bem próximas.
Identifiquei-me imensas vezes nos pensamentos de Ana, sobre o amor, a aventura, os filhos... A relação dela com os filhos é tão próxima do que se vê nos dias de hoje. Criar um filho sozinha(o) é um desafio enorme que muitos que não passam por isso não conseguem entender. Precisamos de tempo para ele, para trabalhar (para que não lhe falte nada), tempo para as relações pessoais e se sobrar, tempo para nós. E quando esse tempo vêm ouve-se aquela vós a chamar por nós e só queremos desaparecer.  
E evolução da Ana ao longo do livro é muito interessante e não esperava aquele final. Foi mesmo à Rita Ferro. E já agora: li o livro inteiro com a sua voz.
Acho que este livro pode inspirar e ensinar qualquer pessoa. Todos amamos, todos erramos mas andamos todos à procura do mesmo.

Este é um livro para reler. Adorei! Pela narração, pelo tema, pela crueza com que aborda os assuntos do dia a dia, por me dizer umas verdades e por me lembrar que somos de carne e osso, que amamos, que sofremos e choramos. Sim choramos!! Mas logo a seguir limpamos as lágrimas e preparamos-nos para as próximas batalhas.
Porque a vida não é para os fracos. E uma mulher não chora!