terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Opinião - A Cativa de Manuel Alves

Manuel Alves é sem dúvida um dos meus escritores favoritos!
Versátil, talentoso e bem humorado, Manuel já se tinha revelado um inventor dos diabos e mais uma vez a sua imaginação e ambição surpreenderam-me. 
Esqueçam o Manuel fofinho, este é um demónio, capaz de deixar um leitor à toa sem dó nem piedade. 

Sinopse: 
Selvagem, druida, assassino, rei… Wulfric teve muitas vidas. É o Mestre mais antigo, dono de um antiquário contíguo a uma igreja, um ponto de convergência entre mundos, o que faz dele também porteiro. Uma rebelião ameaça abrir uma passagem entre a Terra e o Inferno, e ele provavelmente terá de assassinar o responsável. Lúcifer. Teria sido mais simples matar a Cativa, duzentos anos atrás.

Esta história tem anjos, demónios, fadas, lobisomens, marinheiros russos, traições, pedras preciosas que são mais do que jóias, um crucifixo que sangra, pelo menos uma sociedade secreta, Lúcifer, Mefistófeles, um marquês que foi para o Inferno e se transformou num demónio nu e, é claro, Wulfric, o Mestre que vive com uma maldição aprisionada no sangue.

Opinião:

Este não é um livro de leitura fácil. O Manuel quis criar algo mais complexo que o habitual e foi bem sucedido. Foi ambicioso e isso agrada-me bastante, mas não estava preparada para este choque. 
Se ainda não leste nada do autor ou não estás habituado a leituras mais complicadas não aconselho este livro para já, pois podes ser tentado pelos demónios a abandonar a leitura e a perder uma excelente oportunidade de visitar o céu e o inferno, literalmente. Mas, recomendo vivamente todos os outros livros anteriores do Manuel! Depois volta e descobre este personagem enigmático, Wulfric.

Não vou adiantar muito sobre a história porque o desafio que o Manuel nos coloca é desvendar todo o enredo ao longo da leitura e assim dissipar todas as nossas dúvidas e confusões (que ele provoca). 
Criou um puzzle, desmanchou, atirou para cima da mesa e disse "AGORA DIVIRTAM-SE!" 

Confesso que terminei o livro ainda um pouco confusa. Este é o primeiro volume de 5, e então é suposto que fiquem várias pontas soltas para amarrar só nos volumes seguintes. Ou isso, ou não li este livro numa fase boa e o problema é mesmo meu. 

A Cativa, dá o nome ao volume, mas gostava que tivesse sido mais explorada (na verdade foi, literalmente, pelos demónios). Tem um papel importantíssimo na história, mas gostava que tivesse aparecido mais.
Wulfric, o Mestre Lobo é um excelente personagem, gostei bastante dele. Sábio, misterioso, sarcástico, manipulador... é o Mestre de Gervas, um pupilo, muito interessado em aprender e seguir os seu mestre. Pobre Gervas! No meio de lições de filosofia, teologia e de vida, deixa-se cativar, apaixonar e a sua atitude incontrolada vai ter consequências muito graves. Gostei muito do Pupilo e do seu crescimento como personagem.
Lúcifer, o Diabo é-nos apresentado de uma forma muito original, quase humano. Deixa-nos dúvidas acerca da sua maldade. Lúcifer pode não ser um verdadeiro demónio e o inferno talvez não seja nos confins da Terra. Gostei da forma como o Manuel tocou nestes assuntos, das verdades que nos impingiram ao longo da história.
Tinha bastante vontade de conhecer Mefistófeles e as suas manhas, mas neste livro não me cativou nada e talvez essa seja a minha maior desilusão.

Tenho de dar os parabéns ao Manuel Alves pela sua ousadia. 
Apesar de ter tido alguns problemas, para terminar o livro e compreender a história, aguardo com bastante entusiasmo o próximo volume. Desconfio que algumas personagens eliminadas vão voltar. 
Não querendo mudar a ideia ao autor, gostava que os próximos volumes não fossem tão complicados. Apesar de alguns leitores acharem a escrita deste livro diferente de outros eu noto algumas semelhanças, como frases indirectas que deixam manobra para a nossa imaginação tirar conclusões, mas que neste caso só me confundiram. Tive dificuldade em compreender certas partes da história e não havia espaço para invenções, tirar palavras da boca de alguém ou descobrir pistas escondidas na narrativa. Mas apesar disso gostei bastante. 

Apesar de não ter gostado tanto como os livros anteriores, o autor não me desiludiu e continua no meu Top. Desejo-lhe o maior sucesso e venha de lá o próximo capítulo! :D

Boas leituras!!


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Divulgação - O Pijama da Gata de Pat R

“Lentamente, foi imaginando que não era o frio da rua que o cercava, nem a escuridão da noite, mas sim o calor de um quarto onde já passara demasiado tempo. Era um cheiro que o inundava e se pregava à sua pele, era uma saliva quente que lhe caía na boca e já não sabia só a ele, já não estava só com ele, já não era só a solidão a que estava destinado. Abriu os olhos e viu-a na janela, com um cigarro nos dedos e os olhos cinzentos, delicadamente pintados com um lápis negro, o olhar profundo e deslumbrante cravado na cidade, ao longe. E, depois, nele.”

Excerto de O Pijama da Gata

O Pijama da Gata

Autor: Pat R
Formato: 15x23cm
Páginas: 249
ISBN: 9789892054896
Categorias: Romance, Ficção
Edição: 1 (2015)
Preço: 12,50€

Sinopse:
O Pijama da Gata segue o encontro de Jonah e Crystal Philips num ambiente nostálgico da Jazz Age. Os dois conhecem-se em Paris, quando Jonah decide ver a peça Cat’s Pajamas, protagonizada pela magnífica atriz. De volta a Nova Iorque e deslumbrado com a sua beleza, desenvolve um desejo obsessivo, que rapidamente o começa a assombrar. A expectativa e a apreciação por um futuro idealizado que nenhum deles realmente prevê, consome-os no seu presente. A atração instintiva dos dois, condu-los a um quarto de motel que começa a adquirir as características visuais da sua paixão, marcada por uma sensação de efemeridade, que se vai arruinando progressivamente até ao declínio final.

Por que ler este livro 
Uma história cativante que trata o tema universal do amor, num enredo intenso, onde os dois protagonistas estão envolvidos num turbilhão de sentimentos e emoções até à constatação da sua impossibilidade. Uma reflexão em volta do amor, da paixão, do desejo e da solidão. 

Quem deve ler este livro 
Qualquer leitor que tenha particular interesse por cinema ou música, dado que existem algumas referências musicais e cinematográficas. Para além disso, qualquer leitor que goste de ser cativado pela intensidade emocional experienciada pelas personagens, acompanhando-as numa viagem vertiginosa até ao final. 

Autora
Pat R, natural de Évora, Portugal, vive em Lisboa, para onde se mudou aos dezoito anos. Estudou Estudos Artísticos, Publicidade e Marketing e Cinema, tendo trabalhado, incessantemente, na escrita de argumentos, romances, poesia e contos. Em 2014, decidiu dedicar-se exclusivamente à escrita. Embora escrito um ano antes de Inércia, O Pijama da Gata é o seu segundo trabalho publicado.


Estou bastante entusiasmada para ler este romance. 
A edição do livro agradou-me bastante, a capa, as ilustrações dos capítulos, o tipo de papel e a sinopse. Esperam-me cerca de 250 páginas de mistério e sedução e mal vejo a hora de começar a ler.

Daqui a uns dias volto para vos contar o que achei. 

Ilustração por Beatriz Canivete.


Site oficial:
www.thepatr.com

Festa de lançamento:
Março de 2015 em Évora

Locais de Venda:
www.thepatr.com
Livrarias em Lisboa (Pó dos Livros, Ler Devagar, Fyodor Books)


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Opinião - Espada que Sangra de Nuno Ferreira

Fixem este nome: NUNO FERREIRA!

Autor deste fantástico livro Espada que Sangra, primeiro volume da série, Histórias Vermelhas de Zallar. 

Sinopse

"A palavra dos homens teve muito crédito, em tempos idos. Mas quando a soberba e a sede de poder e glória moldam o comportamento humano, a mentira torna-se um instrumento para pentear as suas próprias fraquezas."

Espada Que Sangra é o primeiro volume de Histórias Vermelhas de Zallar, um delicioso cocktail de fantasia, intriga, mistério, suspense, erotismo, aventura e ação, passado num mundo fantástico de civilizações que nos apaixonam a cada página. Zallar é um mundo complexo, onde três continentes lutam arduamente pela sua sobrevivência. No Velho Continente existe uma terra almejada há milénios, desde os tempos em que os medonhos Homens Demónio dominavam a região: Terra Parda, onde as cidades-estado são chamadas de espadas e um minério conhecido por tormento negro tornou possível a existência de armas de fogo. Hoje, são os descendentes dos extintos Homens Demónio quem ameaça as fronteiras desta terra próspera em vegetação, savanas e desertos - os malévolos mahlan. A Guerra Mahlan está prestes a atingir o seu ápice, e agora, tudo pode acontecer. Mas Lazard Ezzila e Ameril Hymadher, reis das principais fortalezas de Terra Parda que viveram um intenso romance na sua juventude, vão perceber de uma forma perturbadoramente selvagem que os seus maiores inimigos podem viver consigo ou partilharem dos seus próprios lençóis.

Opinião:

Tenho de começar por falar da capa e da sinopse deste livro pois são verdadeiramente incríveis. Se entrasse numa livraria e desse de caras com este livro, não hesitava em pegar-lhe, a capa é muito boa! Quanto à sinopse, creio que consegue convencer qualquer amante de romance fantástico e não só, a ler.
Zallar é realmente um mundo complexo, cheio de mistérios, intrigas, sangue e sensualidade. 

Adorei este Espada que Sangra!
Levei algum tempo a entrar na história devido a quantidade de informação sobre este mundo criado pelo autor, mas a escrita cativante e muito cuidada, não me deixaram desanimar. 
O Nuno começa por nos apresentar de forma muito detalhada e bem conseguida, o universo Zallar, desde a sua criação, evolução das espécies até ao tempo em que a acção decorre. Logo nesse preâmbulo percebi que não estava perante um livro qualquer. Foi muito corajoso e inteligente da parte do autor criar o seu próprio mundo, com bases tão sólidas. 
Confesso que algumas vezes temi que o livro se tornasse demasiado descritivo pois o Nuno pensou em tudo ao mais pequeno pormenor, mas as descrições só enriquecem a leitura e facilitam a construção de cenários na nossa mente.

Todas as personagens, as várias raças, foram muito bem trabalhadas. Gostei bastante dos Hurkk, os mensageiros de Hymadher e o povo El'ak. 
Como personagens principais temos Ezzila, Hymadher, Hamsha e Góron (os meus favoritos) e o odioso Amarion. São personagens bastante complexas e apaixonantes, muito humanas e as vitimas confundem-se com os vilões. No final deste volume tudo fica em aberto. 
Apesar do papel principal e o destaque dados a estes senhores de Terra Parda, os personagens secundários são bastante importantes e decisivos ao longo dos acontecimentos e sem que estejamos a espera alguns vão ganhando destaque ou são eliminados. 
Zallar está cheio de intrigas, traições, paixões e histórias sangrentas, o inimigo espreita em qualquer esquina. 

O autor criou um mundo tão complexo que cheguei a temer por ele. Ao longo da leitura, inspirada pela maldade de algumas personagens, procurei defeitos, momentos em que os acontecimentos não fizessem sentido, procurei falhas mas o Nuno esteve à altura do universo que criou e espero que a critica o reconheça.

Acho que faltou neste edição um mapa e informação sobre os personagens. São tantas que no inicio é complicado e perdi-me algumas vezes. Aproveito para informar que o autor está a trabalhar bastante nessas informações e podemos encontrar tudo sobre Zallar no seu blogue. 
Fez-me lembrar Martin com as Crónicas de Gelo e fogo, apesar de este universo ser bem diferente. Creio que o Nuno se pode vir a tornar o "nosso Martin" só precisa que lhe dêem o destaque que merece. 
Foi muito corajoso ao apostar no romance fantástico, num país onde cada vez se lê menos este género literário. Desejo que o seu trabalho seja uma mais valia para mudar esta tendência e que as editoras voltem a apostar nestes autores. 

Tinha muito mais a falar deste livro, mas é uma experiência que têm de viver pessoalmente. Invistam nesta série. Atrevam-se a viver esta aventura por terras de Zallar.

Os meus parabéns ao Nuno Ferreira por esta obra literária. É um livro que vale muito a pena ler! Recomendo vivamente. É um excelente arranque de série e o final deste volume deixou-me completamente entusiasmada para ler o próximo. 
Atribuí 4 estrelas no Goodreads e espero que os próximos volumes superem esta avaliação. 

A Chiado Editora tem um excelente autor de fantasia neste momento e gostava imenso que lhe desse o apoio e destaque que merece. Acredito que sim, pois uma boa editora leva bons livros ao público. 

Boas Leituras


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Opinião - O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry

Olá!

Começo o ano com uma excelente leitura. Li finalmente o maravilhoso, sensacional...

O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupéry 

Sinopse:

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada - Grau de Dificuldade III.

Antoine de Saint-Exupéry publicou pela primeira vez «O Principezinho» em 1943, quando recuperava de ferimentos de guerra em Nova Iorque, um ano antes do seu avião Lockheed P-38 ter sido dado como desaparecido sobre o Mar Mediterrâneo, durante uma missão de reconhecimento. Mais de meio século depois, a sua fábula sobre o amor e a solidão não perdeu nenhuma da sua força, muito pelo contrário: este livro que se transformou numa das obras mais amadas e admiradas do nosso tempo, é na verdade de alcance intemporal, podendo ser inspirador para leitores de todas as idades e de todas as culturas.

O narrador da obra é um piloto com um avião avariado no deserto do Sahara, que, tenta desesperadamente, reparar os danos causados no seu aparelho. Um belo dia os seus esforços são interrompidos devido à aparição de um pequeno príncipe, que lhe pede que desenhe uma ovelha. Perante um domínio tão misterioso, o piloto não se atreveu a desobedecer e, por muito absurdo que pareça - a mais de mil milhas das próximas regiões habitadas e correndo perigo de vida - pegou num pedaço de papel e numa caneta e fez o que o principezinho tinha pedido. E assim tem início um diálogo que expande a imaginação do narrador para todo o género de infantis e surpreendentes direcções. «O Principezinho» conta a sua viagem de planeta em planeta, cada um sendo um pequeno mundo povoado com um único adulto. Esta maravilhosa sequência criativa evoca não apenas os grandes contos de fadas de todos os tempos, como também o extravagante «Cidades Invisíveis» de Ítalo Calvino. Uma história terna que apresenta uma exposição sentida sobre a tristeza e a solidão, dotada de uma filosofia ansiosa e poética, que revela algumas reflexões sobre o que de facto são os valores da vida.

Opinião:

Amei este livro! 
Nunca vou esquecer o Principezinho e a sua viagem. Sei agora porque ele é tão querido por todos. É realmente Sensacional! 

Este é um livro escrito com muita simplicidade, que consegue levar qualquer criança a viajar e a encantar-se com algumas personagens. No entanto duvido que uma criança pequena consiga compreender a enorme mensagem que ele guarda, a criança apenas vive aquela aventura e a mensagem, essa, é destinada ao adulto, às pessoas crescidas que o Principezinho acha tão estranhas. É isso que torna este livro tão grandioso e especial. É um clássico da literatura mundial e quem o lê não, o esquece certamente.

A sinopse já revela um pouco da história, mas eu acrescento um dado, o Principezinho deixou sozinha no seu planeta, a sua rosa, a sua querida rosa...O que o levou a fazer tal coisa? 

A parte que considero mais marcante é o relato do Principezinho da sua viagem pelos 7 planetas.
Em cada um, conhece uma pessoa (único habitante) que representa um de vários estereótipos da nossa sociedade, um Rei, um bêbedo, um homem de negócios, um vaidoso, um acendedor de candeeiros, um geógrafo e um vendedor.  somos levados a reflectir sobre a nossa existência e percepção do mundo e do outro. 

Há duas grandes lições neste livro, uma é que “O essencial é invisível para os olhos” a outra… a raposa encarregar-se-á de vos contar tudo. Agora sei porque as raposas são sempre as mais espertas nas histórias que me contavam. Elas são sábias e ganharam o meu eterno respeito. 


É um livro mais que recomendado e toda a gente devia ler. Lê-se numa tarde. É uma leitura muito fácil e quando se começa é impossível parar. 

“(…)- Agora vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê com o coração. O essencial é invisível para os olhos…”

“ “A minha flor é efémera” (…) E eu deixei-a lá sozinha!” “

Quem já leu?
Que parte vos marcou mais?
Boas leituras.