domingo, 15 de janeiro de 2017

Opinião - Como Uma Flor de Plástico na Montra de um Talho de Golgona Anghel

"Esta é uma poesia carnívora, desde a capa do livro, VERMELHO SANGUE. 
Há nela uma energia letal carregada de proteínas e de um humor avesso a qualquer tipo de sentimentalismo. Não é por acaso que há um talho no título, o surpreendente título que anuncia estarmos perante algo como uma flor de plástico na montra de um talho.
Tudo isto é literatura (...) tudo o que não é literatura aborrece-me."
TSF, áudio completo aqui


Sinopse:

Subiu dez andares para assim nos poder olhar de frente. Não lhe interessa o que dizem os dissidentes da ditadura. Mas confessa que gostava dos chocolates Toblerone que a sua tia lhe trazia no Natal. Colecciona cabelos nas folhas de um herbário sentimental. Escreve a palavra vazio depois da palavra espera. É como a Salomé — dizem — pede cabeças mas só lhe entregam pizzas. Perdeu a fé num ataque de riso. Exige agora silêncio e um copo de tinto, enquanto apresenta em directo a autópsia da sua glória.

O texto com que abro este "post" já desvenda um pouco o que podemos esperar deste livro e recomendo que oiçam na integra o áudio porque ele nos mostra o livro muito melhor do que qualquer coisa que eu escreve aqui escreva.

Finalmente consegui ler um livro! O primeiro de 2017 e o meu primeiro de poesia.
Já aqui tinha falado sobre o desânimo em que a poesia me deixa. Eu gosto de ler, acho bonito e incrível como se diz tanto em tão poucas palavras, mas não entendo muitas das poesias que leio, não sou capaz de perceber a mensagem ou o que levou o autor a escrever aquelas palavras. Talvez essa seja a magia da poesia e o desafio faça parte deste género literário.  Nem toda a gente está capacitada para a entender ou no momento certo.
Este livro já está aqui em casa há algum tempo e já tinha lido alguns poemas, mas na altura encolhi os ombros e voltei a colocá-lo na prateleira. Não percebi nem quis perceber, simplesmente desisti. Algo estranho até porque eu comprei o livro depois de uma entrevista que ouvi na Antena2 com a autora e naquele momento eu senti bastante afinidade com ela e com as suas palavras. Tal como esta peça da TSF, que mostro no início, entusiasma qualquer leitor.
Esta semana lá me decidi a tirá-lo de novo da estante e finalmente fui capaz de o ler.
Não foi um desafio assim tão grande até porque os poemas são curtos e o livro tem apenas 70p. Gostei bastante de alguns e outros como era de esperar não entendi, mas isso não me fez desistir do livro e tenho a certes que noutra altura regresso e talvez aí perceba aquelas palavras.

Partilho aqui alguns poemas e passagens que gostei.

"Leio-te e fico doente, outra vez.
(..)
Não se como funciona tudo isso,
mas olha o que me fazes com as tuas palavras."
“COMODISTA HESITANTE,
protegido das cabeleireiras
e cliente frequente dos feriados nacionais,
acredita nos encontros fortuitos
assim como um relógio estragado
acredita aproximar-se de uma hora astral.
Estes hábitos podem até ser tolerados
Em contos naturalistas
E reality showers.

Nós, aqui, little stranger,
Degolamos pardais e fadas de porcelana.
Cobramos interesses à alegria
E vendemos suites com piscina na lua.
A batalha é nossa,
Já alugámos as trincheiras,
Mas custa tanto tirar os pijamas.”

"A minha língua está a ganhar uma espessura lenhosa,
No lugar do grito,
uma greta.
Mãos nos bolsos,
bico calado.
Evito vitrinas e espelhos.
Tenho medo que a verdade
me possa desfigurar o rosto"

"ENCONTRADO NUM CONTENTOR DE RUA,
sem cavalo e sem reino,
o músico,
quase cego, quase surdo, 
começa o seu turno,
ainda perseguido pela última garrafa de tinto.


É preciso saber ouvi-lo
como se ouve uma abelha
às voltas de uma ferida
adocicada pela peste.

Não gostas 
mas já foste habituado a obedecer,
deixar que a roupa suja chupe o detergente todo
no alguidar.

Podias talvez esquecer, fugir, escapar.
mas já te treinaram longamente a ficar, 
a ter medo,
e, sobretudo, a ter fé
quando uma verruga no nariz
é a única coisa à qual ainda te podes agarrar
antes de sucumbir 
no sono."

"Cada dez segundos sai uma fornada de sentimentos novos.
o que, diga-se en passant,
não é nada de extraordinário,
pois cada um de nós tem uma fábrica caseira de sentido
e uma despensa onde guarda as certezas junto com as conservas."


"Golgona Anghel nasceu há 27 anos na Ilíria Oriental. Não se lhe conhecem estudos mas leu todos os livros escritos ao sul de Reykiavik. Tem medo de estar sozinha e pensa em voz alta. Gostava às vezes de ter o seu próprio Sul. Nos registos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras figura como Doutoranda em Literatura Portuguesa Contemporânea, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É recentemente procurada por tráfico de ilusões perdidas. Descansa cada vez menos. Escreve."

Atribuí 4 estrelas ao livro no goodreads pois apesar de não entender alguns poemas adorei a forma como ela escreve e a crueza das suas palavras. 
É um livro frio apropriado a esta época e recomendo bastante a sua leitura.

Já alguém leu? 
Ficaram com vontade?
Contem-me tudo e BOAS LEITURAS!!! ;)

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Clarice Lispector - Sou como você me vê

Sou como você me vê


É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo...
Sou como você me vê...posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,depende de quando e como você me vê passar...suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdôo logo. 
Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre...Tenho felicidade o bastante para ser doce,dificuldades para ser forte,tristeza para ser humana e esperança suficiente para ser feliz. Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre...Sou uma filha da natureza:quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser...a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.

Clarice Lispector




segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Apenas a um clique (a minha nova rubrica no Jornal da Banda) - Santo Padroeiro da Internet

  "Estuda como se fosses viver para sempre, vive como se fosses morrer amanhã!"

Olá como já sabem colaboro com um pequeno jornal aqui da aldeia e como como estou sempre à procura de desafios novos resolvi criar uma nova rubrica sobre conteúdos da Internet. 
Fica aqui o primeiro "Apenas a um clique" do Jornal da Banda.



Apenas a um clique, é a nova rubrica do Jornal da Banda onde ireios falar sobre internet, novas tecnologias e toda esta nova geração de ferramentas que vieram ajudar-nos no dia a dia.
Já são poucos os que vivem sem internet quando têm acesso a ela e por mais que se tente diabolizar esta tecnologia, a verdade é que ela nos ajuda em tudo. No trabalho, no lazer, na escola, na cozinha… não há limites para o conhecimento e as novas aplicações que usamos nos nossos smartphones, tablets e afins, trazem-nos a informação que precisamos a qualquer hora e lugar. Está tudo à distância de um “clique”.
Para além de falar sobre internet em geral, esta rubrica servirá para divulgar aplicações, sites, blogues, canais de youtube, páginas de facebook, etc.. 

Para começar e para que tudo corra bem nada melhor que apresentar o Santo Padroeiro da Internet, dos cibernautas e internautas.
Sim! A Internet também tem um padroeiro!

Em 2001, o Papa João Paulo II declarou Santo Isidoro de Sevilha como o padroeiro da Internet pelo seu trabalho minucioso de compilação de dados numa enciclopédia de 20 volumes, Etymologiae, nos quais ele tentou registar todo o conhecimento existente na altura. Publicado após a sua morte, a obra foi por mil anos considerada a enciclopédia de todo o conhecimento humano. 
Isidoro nasceu em Cartagena em 560 e morreu a 4 de Abril de 636 em Sevilha. Foi teólogo, matemático e arcebispo de Sevilha e foi o primeiro dos grandes compiladores medievais. A partir do que lia, Isidoro escreveu sobre variados assuntos, mesmo sem ter conhecimento sobre eles.
Apesar de escrever sobre o que não conhecia, teve grande influência na Idade Média e no Renascimento e era respeitado no meio, porém pouco conhecido pela população em geral. 
Isidoro foi um dos responsáveis pela expansão do cristianismo na Espanha pós-romana. A sua família era poderosa, e todos os seus irmãos eram membros importantes do clero e do meio universitário ainda recém-formado na Península Ibérica. Com eles fundou mais de dez bibliotecas e por isso é também o santo protector dos historiadores e dos bibliotecários. No entendimento da Igreja, no próprio documento no site do Vaticano, a internet é um verdadeiro compêndio de conhecimento, uma gigantesca biblioteca.
A primeira iniciativa do Vaticano relacionada com a Internet ocorreu em 1996, aquando do lançamento do site http://www.vatican.va, o qual é usado para a publicação de milhares de documentos da Igreja Católica e dos discursos do Papa. Quanto à estreia do Sumo Pontífice na Net, foi em 1998, quando mais de um bilhão de católicos o ouviu no site do Vaticano.
Isidoro foi canonizado em 1598 pelo Papa ClementeVIII e declarado Doutor da Igreja em 1722 pelo Papa Inocêncio XIII, por ter sido um dos grandes eruditos da Idade Média.

E tal como todos os Santos, também este tem direito à sua oração.

Oração para Antes da Ligação à Internet 

Deus Todo Poderoso, que nos criou à Vossa imagem e nos indicou o caminho do bem, do verdadeiro e do belo, especialmente na pessoa divina de Vosso Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, permiti-nos que, pela intercessão de Santo Isidoro, bispo e doutor, durante as nossas navegações pela Internet, dirijamos nossas mãos e nossos olhos apenas àquelas coisas que Vos sejam aprazíveis e que tratemos com caridade e paciência todas aquelas almas que encontrarmos pelo caminho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém. 
Santo Isidoro, rogai por nós!

Esta oração já vai sendo conhecida por muitos utilizadores da internet e e divulgada em várias páginas, porém não se trata de uma oração oficial. Mas sendo oficial ou não, não custa nada experimentar, e talvez te ajude nas próximas pesquisas ou quem sabe na terrível hora em que a ligação á net está complicada.

Por agora é tudo, e já sabem, tudo aquilo que querem saber está apenas a um clique.

***
Espero que tenham gostado.
Serão textos muito simples para que qualquer leitor do jornal compreenda e vou tentar trazer todos os meses temas novos.

Fico a espera das vossas opiniões e sugestões. ;)










quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Tudo depende do nosso olhar


TUDO É OLHAR 


Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…

Agora lê o poema de baixo para cima e surpreende-te.

Tens uma versão diferente da poesia. O que à primeira vista parece uma despedida, torna-se uma confissão de amor eterno. Tudo depende da forma como vemos as coisas. Não é espectacular?? "Puta lição de vida!!"

A autoria deste poema é atribuída à grandiosa Clarice Lispector mas na verdade é de autoria desconhecida. No entanto acho que é merecedor de partilha e de reflexão. 
Tudo é olhar, tudo depende do nosso olhar...

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Retrospectiva de 2016, o falhanço do blogue e o seu futuro

Olá
Desta vez sumi por bastantes meses e quase me sinto tentada a desistir do blogue de vez...
É verdade que não criei o blogue para ser um blogue literário mas com o tempo acabou por abordar mais esse assunto. E até iniciei o ano passado cheia de força com muitas leitura e desafios, mas tudo isso foi por agua a baixo nos primeiros meses.

Talvez a solução seja continuar o blogue de forma descomprometida, sem promessas, sem grandes desafios.
Não gostava de deixar de escrever mas também não tenho muita vontade de encerrar o blogue e começar outro. 

Estou um pouco indecisa mas enquanto no decido vou partilhar convosco um pouco do que foi o meu ano de 2016. 
O blogue foi um fracasso mas o ano foi o melhor de sempre.

Partilho o texto que partilhei no Facebook, a minha rede social alternativa ao blogue para ir fazendo uns desabafos. depois no fim acrescento mais qualquer coisa para os interessados.

31 de dezembro de 2016, 13:27

Breve retrospectiva de 2016 antes que esta porra acabe e não tenha tempo.

Os verdadeiros amigos são aqueles que nos inspiram a ser melhores e isto começa com um caderno oferecido com uma frase inspiradora. Finalmente atrevi-me a viver e construir a minha história, a fazer coisas que gosto e aprendo a dizer "não", a não aturar o que não me acrescenta nada e resultou muito bem.
Em fevereiro faço 30 anos e começo logo a sentir os primeiros sintomas de velhice. Contra isso decido reforçar os meus cuidados com a saúde e o corpo e começo a pensar seriamente em fazer desporto. 
Entretanto conheci um soldado e reparo como o desporto e o esforço físico faz bem ao corpo. PUTA QUE PARIU!!!! QUE BEM FAZ AO CORPO.... 🙈🙊
A vida rouba-me o soldado (ainda bem) e chateada começo a correr e a jogar futsal. E como decidi que por cada desilusão tenho de fazer algo bom por mim decido ir tirar a carta de condução.
O tempo vai aquecendo e as festas começam a surgir. Caramba este foi o ano que mais aproveitei as romarias e festas de rua. Até a Rute Marlene fui ver à Barriosa, uma terra bonita mas perdida lá no cu de judas mais velho, mas foi uma aventura muito divertida. 🌠
Começam também várias expedições ao outro lado da serra e como sempre soube, aquele lado tem ouro.
Foi um ano recheado de música, cheio de rock, metal e eucaristias \m/
Consegui influenciar o meu filho a ouvir melhor música e ouvir a mãe e calar. O rapaz entrou oficialmente na puberdade e estamos noutro nível. 
Depois de um verão louco pensava eu que ia acalmar, mas quem tem amigos doidos nao tem sossego e as festas continuaram. Quando nao havia, inventavamos. 
A vida seguia com muito trabalho e sempre rodeada de amigos e familia. 
Nas ultimas semanas concentro-me apenas na carta de condução. Algo que se arrastou mais do que queria, mas tempo que vou recordar com bastante alegria porque tive o instrutor mais porreiro que podia aparecer. No fim conseguimos e isso foi o mais importante.👊
Resumindo... foi um grande ano, adoro o meu filho, adoro ser mãe, adoro a minha família e os meus amigos e não sei fazer resumos. 
Todo o resto é conversa e passa tempo.
Feliz 2017, sejam felizes e deixem os outros ser. E tu se queres continuar a fazer-me bem, continua esta caminhada comigo. 
Bem hajam por tudo




E assim me despedia de 2016. Um ano de muito trabalho, mas também de muitas festas e de uma tranquilidade impagável.
Comecei o ano decidida a enterrar a cabeça nos livros, eu queria ler tudo. Mas comecei a ouvir muita música e a interessar-me por conhecer melhor as bandas que ouvia e descobrir novos sons e não tinha paciência para ficar quieta a ler. Nem o livro do Código da Estrada eu li com a devida dedicação.
Essa foi a maior novidade de 2016 e o maior desafio. 
Nunca tive vontade de conduzir, mas nos últimos tempos já tinha finalmente metido na cabeça que era algo que precisava para dar um rumo melhor à minha vida. Se eu já consegui fazer tanta coisa fixe sem carta de condução, imaginava eu a liberdade e as oportunidades que a mobilidade me trariam. Na Páscoa lá decido tirar a carta, não por dever, não por coragem, mas por arrelia. sim!... Por arrelia. Para não me deprimir com um desgosto, para fazer algo positivo para mim porque não queria que este ano fosse uma chatice. Já agora aproveito para agradecer às pessoas todas que me desiludem e provocam em mim esta vontade de ser mais e melhor!
O objectivo foi alcançado mas foi uma luta complicada e que se arrastou até ao fim do ano. Isso também teve influência na minha vontade de pegar em livros. Começava a ficar desmotivada e preguiçosa. Terminei o código em julho, porque só nessa altura consegui vaga para o exame, e foi bastante fácil. Mas se terminei com uma perna as costas, a condução fiz completamente às cambalhotas e foi uma aventura até finalmente ter aquele maravilhoso carimbo que me permite conduzir veículos ligeiros.
Esta jornada foi longa de mais, mas nem tudo foi mau. Tive a sorte de ter o melhor instrutor que me podia calhar. E esta foi mais uma prova de que as minhas estrelinhas se vão alinhando e a vida vai correndo como tem de ser. Logo este ano que decido regressar às origens no que toca a música e depois de reparar que não ia ter muita gente para partilhar ideias, não é que me calha um instrutor rockeiro, da minha idade e com uma banda?! Até nisso sou uma gaja cheia de sorte. Foi bom partilhar ideias, informação e música durante estes meses. Lá pelo meio uns desatinos normais das aulas, mas a música sempre aparecia para apaziguar os ânimos. Que paciência ele teve comigo e no fim, conseguimos! 

A carta de condução foi a minha grande conquista de 2016. Mas este ano foi muito importante para a minha saúde física e mental. Foi um ano cheio de desporto com a entrada para o futebol, com as corridas que comecei a fazer sozinha e uma prova de atletismo que quase não acabava mas que devido ao apoio e amizade consegui completar.
Foi um ano tranquilo em que pude saborear as conquistas que tenho vindo a concretizar nos últimos anos. 
É bom ver o meu filho crescer saudável e tornar-se um homenzinho. É bom sair à rua e ser respeitada e acarinhada por aquilo que sou e faço. É bom saber que posso contar com os amigos sempre que preciso e é bom nunca me sentir só. Eu sabia que tinha amigos, mas este ano senti de verdade essa amizade. Este ano tive a tranquilidade para perceber isso e também a capacidade de fazer amigos, de querer conhecer melhor as pessoas e também de não me dar com quem não me faz bem.
Foi um ano de muita festa e bebedeira, não dá para esconder, mas ao mesmo tempo foi o ano em que mais senti a minha maturidade. Os 30 anos não me deram apenas rugas, deram-me muita tranquilidade e capacidade de analisar e agir. 

O blogue foi ficando para trás mas a minha vida foi sempre a somar.

E o texto já vai longo e ainda tenho de fazer revisão...Espero que voltem se decidir manter o blogue. Espero que não me tenham abandonado todos de vez... :P

Feliz 2017 para todos e sintam-se a vontade para comentar e fazer sugestões.

domingo, 8 de maio de 2016

Rádio e Podcast, o meu vício mais recente

Oi tudo bem?

Ando sumida para variar, mas hoje quero partilhar convosco o meu novo vício. 
Já devo ter falado algures por aqui que adoro ouvir rádio. A televisão não me prende e mesmo em casa prefiro fazer todas as minhas tarefas a ouvir rádio. O fim de tarde é passado quase religiosamente na companhia do Fernando Alvim com a Prova Oral na Antena 3 às 19:00, programa responsável por várias das minhas compras de livros. Sou muito fã do Alvim há muitos anos e é muito por culpa dele que desenvolvi o gosto pelos programas de rádio e pelos livros.

A Antena 3 é sem dúvida a rádio nacional que passa a melhor música, mas são os programas de autor, com entrevistas, conversas, interesses, etc. que prendem a minha atenção. No inicio ouvia apenas os programas da manhã, saltitava entre a Antena 3 e a Comercial sempre à procura do humor e à tarde e fins de semana ouvia os outros programas; Alvinex, entrevistas com o Alvim; Nuno e Nando,com Markl e Alvim; Conversa de Raparigas, com Rita Ferro, Ana Coelho e Rita Matos à conversa com Mónica Mendes ( fiquei muito fã da Rita :) ) e mais recentemente Fora do 5, com os loucos Pedro Fernandes, António Raminhos e Luís Filipe Borges, o programa mais louco e moralmente incorrecto de sempre... vou ter saudades.

Para além destes programas há outros na Antena 2 que tento sempre ouvir, sobre história, livros, cultura em geral, ciência, etc.. Todos os que me possam entreter e cultivar são bem aceites e grande parte da minha cultura vem dos programas de rádio que oiço. Não consigo passar um dia sem ouvir, pois tornou-se a minha fonte de informação, cultura e entretenimento e em algumas ocasiões a minha terapia. 
Os programas de rádio são a cura para todos os males e é só escolher! 

Bem...! O texto já vai longo e ainda não falei do mais importante, os PODCAST's.

Segundo a tia Wikipédia Podcast é o nome dado ao arquivo de áudio digital, frequentemente em formato MP3 ou AAC (este último pode conter imagens estáticas e links), publicado através de podcasting na internet e atualizado via RSS. Também pode se referir a série de episódios de algum programa quanto à forma em que este é distribuído.

Em Portugal as rádios demoraram algum tempo a explorar as vantagens desta tecnologia. Os podcast's trouxeram-nos a possibilidade de ouvir os nossos programas favoritos mais tarde online ou fazer o download para ouvir quando nos der jeito. Anda cheguei a passar para o leitor de mp3 (antes dos smartphones) programas da Antena 3 e Antena 2 que me faziam companhia ao longo do dia mas depois deixei de conseguir e acabei por deixar de ouvir. Andei bastantes meses sem procurar podcast's e a tentar ouvir os programas a horas até descobrir a aplicação Podcast Adict.


Neste caso já fui eu a chegar atrasada, mas foi a melhor descoberta dos últimos tempos. Estava a passar por uma crise emocional e precisava de tudo menos estar em silêncio ou ouvir músicas que me fizessem pensar. OBRIGADO RÁDIO E INTERNET por me ajudarem a manter a sanidade mental. A "Raparigas" os loucos do Fora do 5 foram a minha âncora :P 

O mais fantástico destes arquivos é que não se resumem a programas de rádio. Qualquer pessoa com equipamento minimamente de qualidade consegue fazer os seu próprios programas e as rádios que se cuidem e estejam atentas porque ou se deixam ultrapassar ou aproveitam para ser parceiras porque começam a surgir programas de muita qualidade como é o caso de Brandos Costumes.

"Um programa quinzenal onde Pedro Paulos explora ao longo de uma hora os caminhos menos percorridos da música portuguesa. Quer seja em entrevistas, reportagens ou crónicas, fala-se das músicas que podiam ter sido hits, dos artistas que poderiam ter tido carreiras bem diferentes e especula-se sobre o futuro."

Estou completamente fascinada com este programa. É viajar para outro tempo, não muitas décadas, mas para uma realidade completamente diferente em que o nosso país se transformava completamente. É um programa sobre música que aconselho toda a gente a ouvir e podem crer que vai haver mensagem completamente dedicada ao Brandos Costumes.
Pedro Paulos tem também com Fernando Alvim e Nuno Dias um programa chamado Obrigado, internet e é o meu novo vício. Não há memória e bateria que resista mas eu não consigo deixar de ouvir, por isso vou aproveitar o arquivo enquanto houver episódios antigos.

Esta são alguns dos programas que oiço. Faltam alguns da Antena 2 que oiço directamente do Rtp play. 

E vocês já aderiram a estas novas tecnologias? Quais os vossos programas favoritos? O que me aconselham? 
Contem-me tudo! 
E oiçam o Alvim que é o maior *****


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Opinião - Uma mulher não chora de Rita Ferro


"Nunca se ama como nas histórias: nus e para sempre.
Amar é lutar constantemente contra milhares de forças escondidas que vêm de nós ou do mundo. Contra outros homens. Contra outras mulheres."
Jean Anouilh

Sinopse:

"Depois de O que Diz Molero, de Diniz Machado, e da Crónica dos Bons Malandros, de Mário Zambujal, Uma Mulher não Chora, de Rita Fer ro, foi o terceiro grande best-seller português e o primeiro assinado por uma mulher. Conta a história de uma mulher pós-feminista - livre, independente, emancipada - às voltas com a ambivalência da sua condição: de um lado, o sonho romântico e o fantasma da solidã o; do outro, o orgulho e a exigência de quem pode, finalmente, escolher, ou para quem a dignidade se tornou mais imperativa do que a companhia de um homem. Uma clivagem dolorosa, que toda a mulher divorciada, ou casada segunda vez, conhece intimamente."


Este foi o primeiro livro que li da escritora Rita Ferro. Sou fã confessa da Rita Ferro, não pelos livros pois ainda não tinha lido nenhum mas pelos programas de rádio na Antena 3. Conheci-a no programa Conversas de Raparigas e ao contrário de muitos ouvintes que não gostam e a acham snob eu fiquei fã. Directa, sarcástica, divertida, espontânea, por vezes perdida nos seus pensamentos eu identifiquei-me e continuo a identificar de certa forma com ela. Claro que noutro nível social e cultural, mas com o mesmo turbilhão de pensamentos e a forma crua de ver a vida e os outros.
Tenho vários livro dela e este foi o primeiro a sair da estante. Foi um excelente inicio e confesso que este livro não podia vir em melhor altura. É um livro sobre relações humanas, sobre amor, sexo, paixão, aventuras, desilusões, perdas... tudo numa narração muito próxima do autor e de forma muito crua, sem papas na língua.

Esta é a história de Ana, uma mãe, mulher divorciada que luta pela sua estabilidade financeira e emocional e contra os seus fantasmas interiores. A sua história é cheia de encontros e desencontros e toda a sua desorganização mental e da própria vida tornam a história muito real, próxima de nós. A sua vida pessoal, amorosa e sexual é tema do livro e são histórias do dia-a-dia que podem ser as nossas ou de pessoas bem próximas.
Identifiquei-me imensas vezes nos pensamentos de Ana, sobre o amor, a aventura, os filhos... A relação dela com os filhos é tão próxima do que se vê nos dias de hoje. Criar um filho sozinha(o) é um desafio enorme que muitos que não passam por isso não conseguem entender. Precisamos de tempo para ele, para trabalhar (para que não lhe falte nada), tempo para as relações pessoais e se sobrar, tempo para nós. E quando esse tempo vêm ouve-se aquela vós a chamar por nós e só queremos desaparecer.  
E evolução da Ana ao longo do livro é muito interessante e não esperava aquele final. Foi mesmo à Rita Ferro. E já agora: li o livro inteiro com a sua voz.
Acho que este livro pode inspirar e ensinar qualquer pessoa. Todos amamos, todos erramos mas andamos todos à procura do mesmo.

Este é um livro para reler. Adorei! Pela narração, pelo tema, pela crueza com que aborda os assuntos do dia a dia, por me dizer umas verdades e por me lembrar que somos de carne e osso, que amamos, que sofremos e choramos. Sim choramos!! Mas logo a seguir limpamos as lágrimas e preparamos-nos para as próximas batalhas.
Porque a vida não é para os fracos. E uma mulher não chora!